sábado, abril 14, 2007

Medo

E eu? Eu sou alguém?
Sou muito mais ou menos do que eu posso imaginar.
Me vês e eu fico olhando para o nada.
Me viro e olho o nada.
Se me vês me dá medo.
Se eu fosse o que tu mais desejas, eu seria mais ou menos.
Mas sabe o que ia acontecer?
Acho que eu não me sentiria mal por ter medo.

Então eu tentei ter coragem.
Os segundos que dessa coragem nasceram, passaram, foram
todos muito mais do que eu poderia ter sonhado acordada!
Eu não te possuí em meus braços no nosso abraço,
mas tu me teves sem querer, como sempre foi,
durante aquele meu precioso raro momento
(que esperaria mais um ano pra vivê-lo com a mesma força).

Eu não consigo te olhar nos olhos!
Eu tenho medo de que isso
faça acontecer o que está acontecendo agora:
escrevo e tenho esperanças.
Porém se eu conseguisse olhar nos teus olhos
(com a coragem que eu inventei)
eu lá poderia ver a verdade...
mas é ela todo o objeto pelo qual
eu alimento esse gigantesco horror.

Já te sei de cor,
já sei o que posso esperar,
meu querido amigável amigo.
Agora eu devo pensar em
qual maneira desse convívio pensado
(e pensado por nós dois, sim senhor!)
eu vou me machucar
mais leve
e poder depois curar
de verdade.



Se Deita

Durante esse espaço
(maior que o tempo!)
que espero pra te rever,
minha esperança travada,
de novo na porta do trem,
vai relutar em não
parecer tristonha quando
conseguir tocar na tua mão.

O sol que nós todos vemos
(sempre o mesmo sol)
já é deitado a essa hora.
Agora pela janela eu sei que
toda vez que ele o faz,
a divisão dele, por nós dois,
é assim ó:

Tu o tens todo
para si
e dois ele é sempre
para mim.