segunda-feira, abril 10, 2006

Tarde Cheia

Ela estava com ele,
finalmente apenas com ele.
Seu coração estava batendo leve,
como se uma nuvem de suspiros tivesse
pairado
sobre seu peito.
Cada movimento dos braços finos
de seu amado
era calculado pelos seus olhos,
onde tentava
julgar
o que ele estaria pensando
ao envolvê-la ou
deixá-la
na poltrona aconchegante
do cinema.
O cheiro dele a preenchia ternamente
com um profundo
sentimento que a fazia
inspirar devagar toda
vez
que ele a espiava
com o canto do olho.
Sorrisos.
O seu nariz procurava o dele, e
ela imaginava
se ele gostaria de um
beijinho de esquimó.
Disseram que nunca haviam
percebido
uma relação
tão
meiga
entre
dois amigos...
Sim.
"Apenas dois amigos",
ele disse.
E como Alice dispertando
do seu
sonho,
a parte sobre os
olhos dela
começou a saltar.
Seu maior consolo foi o
pensamento de que
aquela
não era mais uma
das suas
tardes vazias.



-02.01.2006-

sexta-feira, abril 07, 2006

Aline e Vampiro

Aline...
Aprisionada por um Vampiro!
Vampiros com seus sorrisos em sangue
facilmente enfeitiçam a mente da
fascinante Aline.
Eles a obrigam mastigar
seus próprios lábios,
fazendo ela sentir o gosto de ferro entre
seus próprios dentes.
Delicioso!
Como os dentes de Vampiros no
seu alvo pescoço à meia-noite.
Ela se tornou um deles, afinal.
Tecidos empretecidos moldando suas curvas,
espantando todo homem de bem.
Pensa em como seduzir Vampiro,
dando reviravoltas com suas pupilas infinitas e
demoniacamente lustrando o lábio de cima.
Vampiro dirá:
- "Eu não gosto de você, Aline".



-28.03.2006-

O Jogo #2

Dama de Espadas luta pelo que deseja.
Dama de Paus não precisa se empenhar.
Dama de Ouros já tem o que precisa.
Dama de Copas chora pelo que foi.

Valete de Espadas corta o coração de cada uma.
Valete de Espadas não sabe o que faz.
Valete de Espadas parece querer algo mais.
Valete de Espadas, hoje, descançará em paz.



-25.01.2006-

Passos

Muito mais simples era o amor, pra ele, quando era criança.
Chegava a hora do recreio, gastava toda grana do lanche
em pirulitos que ia distribuindo esperançosamente a todas meninas.
Pra não parecer tão babaca, dava com muito mau gosto a
alguns meninos também.
Sem chamar muita atenção, chegaria no grupinho lá do canto
onde sua adorada estava.
Os códigos eram muito simples.
Se estivesse com sorte, ela ofereceria um teco do doce que ganhou
a ele, com a boba desculpa do... agradecimento.
Ele ficaria extasiado de pôr sua boca naquele restinho de saliva.
Pronto.
O selinho seria inevitável na hora de correrem pra formar a fila
e sentariam juntos na aula de ciências.
Sonharia com ela à noite e torceria para encontrá-la
no caminho da escola.

Complicado parece ser o amor, pra ele, agora.
Chega em casa à noite, dá ração pro Bob, liga o monitor e
começa a digitar coisas vazias sobre a vida na esperança de que alguém ache interessante.
Conheceu essa garota ao acaso.
Agora se sente tonto toda vez que está ao lado dela e,
talvez por criancice,
não consegue decidir o que fará da vida.
Se ela tem outro ou não, ele não se prenderia a alguém tão... facilmente.
Quer aproveitar a liberdade.
Poderia também convidá-la para jantar no japonês porque
no fundo ele quer se render e a garota
muito gosta dele e das tolices que ele diz e teima em escrever.
Mas ele finge não perceber.
Simplesmente vai dormir e reza pra que tudo passe logo.



-17.01.2006-