sexta-feira, janeiro 25, 2008

Eterno

As palavras abafadas dele mal iluminaram o quarto.





Incrédula:
- Mas foi só acontecer o impossível: no mesmo momento do acontecido, na verdade um momento depois, tu já começas a vir com tuas armas. Mas meu querido, isso não funciona mais... Não quero mais te tocar.


Astuto:
- Eu nem sequer pensei em ti. Eu faço as coisas só por mim, esqueceu? Tu já sabes que eu sou assim. E foi até por isso que tu decidiste não mais me tocar. Eu vejo que tu moras só no teu mundo, de qualquer forma. Assim como eu.


Incrédula:
- Meu amor não pára. Eu o guardei só para mim, é verdade. Tu achas que eu fiquei aqui começando algo novo pra fugir das tuas palavras, e em certa medida isso é até verdade. Amo o que tem de mim em ti. Isso é ser só. Mas meu querido, não fales mais.


Astuto:
- Falar é uma das mais esquecidas prioridades que eu tenho. Eu uso minhas palavras só comigo mesmo, nunca quis usá-las com alguém e, se tu acha que um dia as usei contigo, apenas pensa que eu estava falando comigo mesmo. Tu sabes que eu sou assim. E eu descobri que tu é assim também. Então só agora vi que te amo mas, assim como tu, amo só o que tem de mim em ti. A parte triste é que eu descobri que é tudo.


Incrédula:
- Eu nunca vou poder amar alguém como eu te amo.


Astuto:
- Nunca vou querer descobrir que sempre te amei.


Incrédula:
- Meu amor por mim é o mais intenso, o que há de bom em mim há em ti da mesma forma. Amo meus defeitos, e teus defeitos são iguais aos meus.


Astuto:
- E eu não quero descobrir isso. Acho mais inteligente ser assim. Tenho um mundo de amor por mim que só tu é capaz de morar nele. E desse mundo eu nunca vou me desfazer, pois te amo por que tu me amas.


Incrédula:
- Então tenho um lugar no teu peito.


Astuto:
- Tu só o tem por que o teu peito é todo meu.


Incrédula:
- Uma solução de problemas é saber que nisso não há problema. Nosso amor não precisa morar no mundo das pessoas, nosso amor mora em nós mesmos, um pelo outro, e toda a imaginação que temos só serve para aumentar o amor que sentimos um pelo outro e por nós mesmos. Não queremos mais nos ter, queremos apenas continuar vivendo os nossos desejos, um pelo outro, na alma de nós mesmos, e ter o amor de um pelo outro como a maior fonte de força para amarmos nossas redomas cada vez mais.


Astuto:
- Gosto disso. Por isso vamos ficar assim, pra sempre. E essa é a melhor forma. Nós dois já sofremos muito pelas pessoas, e dessa maneira que achamos para nos amarmos, nós nunca iremos nos machucar. Isso que é amor de verdade pra mim e pra ti. Eterno. Esse nosso amor perfeito é o amor que nós criamos e que nem nós mesmos temos como tocá-lo, só o olhamos de fora. Estar longe de ti é a forma mais segura que eu tenho de te amar incondicionalmente, bem do jeito que gostamos.





E eles precisam de mais nada desse mundo.

quarta-feira, janeiro 23, 2008

Quase fevereiro com mais Bossa

Poisintão. Já estamos quase em fevereiro. Hoje é dia 23 de janeiro. Este post vai ser algo bem menos poético do que os outros, e por isso eu acho que ele é bem desinteressante pra quem gosta de imaginar. Mas eu sinto que eu preciso escrever, sabe, pra não perder a prática. Até pra que as pessoas que estão convivendo mais próximas a mim nesses últimos meses tenham noção do quanto elas estão me fazendo contente, com elas e comigo mesma, por ter tido a destreza de tê-las encontrado.

Eu reli meu último post e vi que essa pausa de letras era definitivamente necessária. A fase pela qual passei nesses dois últimos anos não foi uma fase onde eu estava cheia de mim. Então quando me descobri cheia, parei, sabe, pra refletir e ver como seria a continuação do meu trabalho. A melancolia sempre é uma amiga perfeita pra me dar inspiração. A catarse é sempre benéfica.

Agora eu quero tentar encontrar inspiração na felicidade. Eu penei em busca de algo bom na minha tristeza e vi que dela saem coisas boas e, quando se está alegre, a gente tende a esquecer do resto e viver a felicidade sem pensar que ela pode ter fim. É tão mais difícil ver pessoas escrevendo coisas boas do que ruins, não é mesmo? Quero dar um jeito de tornar a felicidade um objeto de inspiração para os outros, e não de inveja, como tristemente costuma ser. Quero mostrar que na felicidade há equilíbrio e que, com esse equilíbrio, a felicidade pode durar mais.

Escuto algumas músicas da Bossa Nova e vejo que há muita coisa que podemos explorar na nossa felicidade pra tornar a felicidade dos outros ainda mais mágica: posso tornar-me vitrine para que as outras pessoas não tenham medo de viver a alegria, pois sempre tive medo dela. Sutil, a música me traz o conforto e o equilíbrio pra poder me relacionar bem com a minha alegria. E eu não mudei... Nunca vou negar que eu gosto mais da melancolia, pois é visível a minha tendência a nunca exaltar a felicidade que estou sentindo. Mas sabe, eu gostaria de aprender que não há nada de ruim nisso pra poder ensinar. Então agora tudo vai começar a ser construído. Plim*

*passe de mágica.