terça-feira, janeiro 16, 2007

Nickee Coco e a Árvore Invisível

Nickee Coco acordou cedo numa manhã de terça-feira e decidiu ir dar um passeio na plantação de tomates atrás da casa dela. Enquanto ela caminhava pela plantação, ela avistou uma magníficamente alta árvore invisível e decidiu subir nela. Ao descobrir que os galhos cobertos pela folhagem eram tão confortáveis, ela caiu rápido no sono. Ela ainda estava adormecida quando o anoitecer chegou e sua mãe ficou fora de si com o medo. Ela saiu correndo de casa perguntando a todos que ela via se eles tinham visto Nickee ou se sabiam aonde ela estava. Logo a cidade inteira estava apavorada com o desaparecimento da Nickee e eles imediatamente iniciaram a busca.

E então a busca começou.
Todos estavam procurando pela Nickee Coco.
Eles a procuraram pelos topos dos telhados e pelas árvores no parque.
Mr. Temboley até mesmo gritou poço adentro...
"Nickee Coco se você está aí em baixo, dê um grito!"
... mas ele não escutou um grito.
E então a busca continuou...

Todos ainda estavam procurando pela Nickee Coco.
Eles perguntaram ao tocador de realejo gago, na praça,
que disse:
"Não não não não.
Eu não ou-ou-ouvi na-nada.
Mas assim que e-e-e-eu e-es-escutar eu da-da-darei um sinal.
Oh-oh-oh que po-po-pobre miséria".

Durante esse tempo todo Nickee era tomada pesadamente pelo sono,
muito em paz em sua árvore invisível,
comendo mangas em um sonho.
E então a busca continuou...

Durante esse tempo todo Nickee era tomada pesadamente pelo sono,
muito em paz em sua árvore invisível,
sendo caçada por antílopes em um sonho.
E então a busca continuou...

Eles estavam pensando se nunca achariam Nickee Coco.
A mãe da Nickee perguntou a Senhora Colvendom, em prantos:
"Margaret me diga o que em terra eu fiz para merecer perder a minha doce querida?
O que possivelmente eu fiz?"

Muitas semanas passaram e embora algumas pessoas estivessem começando a perder a esperança, eles todos continuaram a procurar e nunca abandonaram Nickee em seus pensamentos. Um dia aconteceu de uma coruja voar por trás da Nickee, ainda adormecida silenciosamente em cima da árvore invisível. Aí ela voltou rapidamente para contar as pessoas da cidade. Depois que um tradutor de corujas foi chamado, a mensagem maravilhosa da coruja foi entendida e toda a cidade alegremente seguiu a coruja até à árvore invisível aonde a pequena Nickee estava ainda caída no sono. Eles todos aplaudiram quando a viram, e Nickee finalmente acordou enquanto eles levantavam ela sobre suas cabeças e marchavam vitoriosamente de volta a cidade aonde eles fizeram uma enorme festa em honra da volta dela, onde eles cantaram esta canção…

“Nós te amamos Nickee Coco
Nós estávamos tão tristes quando pensávamos que tínhamos perdido você
Nickee Coco agora nós estamos tão felizes
por que finalmente
nós te achamos
nós te achamos
nós te amamos”.



_______
"Nickee Coco and the Invisible Tree" - The Gay Parade - Of Montreal
-tradução: néfer kroll-

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Parede Verde - Se algum dia tem que doer, muito, esse dia tem que ser hoje

Não acredito que as palavras ainda possam incomodar tanto, mas eu resolvi ler algumas palavras que eu já sabia que não eram mais só suas, afinal, você está feliz agora. Eu sentei, li e fiz de conta que eu não me importei em ver o quanto você está realizado por estar completo. Invejo, muito, a metade da sua laranja. Ela é muito genial, pois sua metade tem que assim ser, e eu não poderia pensar em outra metade além dela. Vocês foram feitos melhor que queijo e goiabada, se entendem e realizam um ao outro sem precisar de esforço. Bem simples, como deve ser.

Tudo conosco sempre foi muito complicado e o que era fácil não tinha sabor. A sua metade era tão azeda quanto a minha era para você, pois não éramos as metades certas. Precisou você achar a sua doce metade para que eu enxergasse o quanto estaríamos sozinhos se juntos estivéssemos. Eu mal lutei por você e gritei que sim porque eu fui mais complicada. Vocês me fizeram ver que tudo é simples, sim, e eu não vou lhes agradecer por isso. Quero que vocês dêem esse mérito a mim porque eu consegui me livrar de tudo sem que, ao menos, uma das metades estivesse aqui.

domingo, janeiro 07, 2007

Texto Romântico

Vamos continuar fingindo como sempre, todos fingem e eu nunca quis desse jeito.
Nunca quis fingir dessa maneira, nunca quis que tu fingisses dessa maneira.
Atuamos.
No momento, tudo que gostaríamos de ter sido some assim feito nuvem.
Tão inesperado quanto o sol, quando estamos tristes assim. Tão inesperado quanto um final infeliz num filme preto e branco.
Triste assim.
Enfim.
Quem somos nós para decidirmos o que é melhor durante as nossas noites solitárias?
Somos quase inteiramente irresponsáveis com os sentimentos que pensamos que estão dentro daquele vazio que sentimos quando chegamos em casa.
Pensamos ter experiência mas temos incapacidade para decidir.
E todo o ciclo começa novamente.
Renova a esperança, moço.
Que essa que tu pensastes estar nova não passou da sensação que encheu teu tempo.
Que tempo?!
Quanto durou, quanto duraria, o quanto jamais resistiria?
Vamos deixar as coisas mais confusas, faz bem.
É romântico ser assim, confuso.
Digo o que eu quero, não preciso ser pão com manteiga.
E tu:
“Que lindo!”
Por que tu és romântico também... ôh confusão que adoramos.
Adoramos ficar pensando nessas palavras sem sentido que fingimos proferir bem...
Ai como sou romântico!
De acordo com o que me consta, esse tipo de pensamento demora, no mínimo, uma década pra passar. Vamos continuar fingindo que estamos nos anos sessenta, afinal, eles eram tão românticos!
Mas pense bem: temos que ser bons atores.
Se queres ser romântico, de verdade, tens que dar uma vasculhada além do roupeiro do teu avô.
Depois é só fingir, direitinho, quando estiveres bem decidido por alguém.
As pessoas são muito mais do que meros personagens que convivem nesse teu filmezinho de quinta.

sábado, janeiro 06, 2007

Texto Romântico (parte 3)

- Seu filho da puta! Por que tu não me ligou?!

(Ela sempre é rude com as pessoas que ela gosta)

- Poxa! Nem sequer uma mensagem! Por que, então, tu me pediu o número do meu telefone? Pra bonito?!

(A parede tá fazendo cara de “e eu com isso?”)

- Ok, ok... tu me deu o teu número também, eu sei que poderia ligar pra ti e acabar com a minha agonia... Mas e daí, seu merda?! Eu sou machista! E aí?! Não vai me ligar? Que se dane, então! Ah!

(E, gente, ela é a menina mais doce que eu conheço! Não sei o que dá nessa menina que, quando ela começa a criar esperanças a respeito de alguém, se tona grossa, um bicho-do-mato, mesmo. Ela não faz por querer, tadinha...)

- Tu que tem que me ligar...

(Ah, por favor. Que dó. Ela tá alí ajoelhada, com o telefone sob o queixo, toda chorosa sobre os bracinhos, com pinguinhos de água nos zóinhos!)

- Eu quero alguém pra dormir que nem um macaquinho, comigo, à noite...

(Ela olhou pro teto. Ela pensou de novo...)

- Eu quero que tu durmisses que nem um macaquinho, comigo, durante muitas noites...

(Agora um daqueles suspiros dela conseguiu preencher todo o vazio do quarto. E o mais triste é que eles tinham tudo pra terem juntos um futuro, mesmo que breve, muito feliz. Tomei as dores dela agora... que menino bem mal-educado! Nem sequer ligou para dizer adeus...)

- Já sei! Vou fazer uma promessa a Santo Antônio!

(Tadinha. O pior de tudo, mesmo, é ter esperanças).

terça-feira, janeiro 02, 2007

Valentim e Valentia

Hoje eu estava sendo muito valente.
Valentia não me convém já faz algum tempo.
Mas hoje foi diferente:
Acordei valente.

Acordei tão valente que fiquei feliz,
aproveitei o dia para ser boa,
fazer tudo bem feito,
já que a vontade de ajudar veio de dentro.

A minha valentia é de algum modo
meia-irmã de Valentim, o santo,
no seu mais primo significado.
Pois é isso que eu bem quero com mal querer.

A Valentim eu apresento um amigo
e eu fico só os observando, sem poder.
Quão feliz ele tornou-se ao conhecê-lo!
Tão feliz que acaba o querendo só para sí.

Não chio, minha valentia não vai mudar,
jamais esteve dentro de mim bem acordada:
Bandida criou vida própria e agora quer fugir,
ocupar o meu lugar na minha cama.

O único que eu ainda julgava ser só meu!
O único que eu ainda julgava ser só meu.