A tarde estava muito quente.
Deitada, sentiu uma das gotas do seu suor escorrendo da parte de trás do joelho esquerdo para baixo, enquanto assistia pela quarta vez aquele filme na televisão. Ela gosta de rever os filmes que adora. O sofá já estava úmido. Ela odeia o verão.
Muito bem.
Ela foi à varanda e acaba de sentir no seu antebraço esquerdo o primeiro pingo da tempestade que, para alívio do seu calor, está se formando e ela continua, mesmo assim e também porque gosta de se molhar, sentada naquela cadeira de plástico tentando arranjar um meio real de se aproximar de quem ela tanto deseja.
Mas ela é covarde.
Ao invés de apenas dar fim nisso tudo e ir encontrá-lo, ela continua gastando os seus segundos o procurando nas mínimas coisas que vê, escuta, sente... enfim.
Problemas de sonhadores.
Agora mesmo está tocando uma música de uma bandinha que ambos gostam. A rádio é a favorita dela mesmo antes de conhecer aquele merda. Pra completar, ela encara isso como um dos sinais cabalísticos do destino. Tola.
Ela pára e sente a música.
Sente como se fosse as mãos dele encostando em sua face e ombros.
Se arrepia.
Depois, olha para o céu e vê no cinza das nuvens um dos versos que, segundo somente ela, foi inspirado no que eles viveram naquela terça-feira. Vê o vento chicoteando as ervinhas do campo ao lado da sua casa, um terreno vazio. Define naquele momento que quando a chuva começar, ela vai sair andando pelo asfalto à procura do amor da sua vida esperando, ironicamente, que ele esteja com
um guarda-chuva e
uma cartela de Benegripe.
domingo, fevereiro 11, 2007
Tempo
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4 comentários:
Me identifiquei. Muito.
néfer!
eu so muito tapado! n sei se entendi propriamente... mas viajei muiitoo!
altas cenas me passaram pela cabeça..
acho q esse texto dava um curta metragem a la david lynch q ia fica muiiitoo massa! :]
bjs!
realmente incrivel..
ate posso confundir a personagem com a autora... []´s
gostei muito desse também!
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